“Nossa maior contribuição para o país é democratizar e atender com muito respeito as empresas de médio porte”, afirma Charlote Odebrecht – vice-presidente do Grupo Valorem
Em ano ainda de pandemia do novo coronavírus, o setor de Logística que mesmo na crise cresceu, tem traçado metas e estratégias para conter danos e sobreviver a qualquer turbulência, e a antecipação de recebíveis pode ser uma forma de garantir liquidez necessária.
Das micro às grandes companhias, a antecipação de recebíveis é um recurso financeiro que ajuda a obter crédito com base em suas próprias duplicatas ou contratos de contas a receber.
Em entrevista para a Cargo News, Charlote Odebrecht – vice-presidente do Grupo Valorem, companhia que traz esse tipo de solução de crédito, relata sobre as características e benefícios da prática para empresas de transporte. Na conversa, ela destacou a importância de estabelecer relacionamentos de longo prazo antes de momentos de crise e apontou os objetivos do grupo para os próximos anos.
Com 21 anos de atuação, o Grupo Valorem destaca como principal produto a antecipação de recebíveis personalizada para a necessidade de cada cliente. A companhia possui meios eletrônicos de pagamento e operou R$4 bilhões de crédito em 2021.
Cargo News: Como funcionada a antecipação de recebíveis no Brasil?
CHARLOTE ODEBRECHT: As pequenas e médias empresas enfrentam dificuldades em recorrer ao crédito no Brasil. Com isso, na última década, Securitizadoras e FIDCS surgiram para atender um nicho que os bancos “abandonaram”, principalmente nas crises. A compra dos recebíveis ou antecipação dos recursos é feita com as duplicatas ou contratos que as empresas já possuem em seu “Contas a Receber”, ou seja, a empresa não toma crédito, apenas antecipa o que virá a receber. É importante ressaltar que as empresas especializadas, como Securitizadoras e FIDCS, muitas vezes se especializam e entendem com profundidade o seu cliente, podendo assim auxiliar em momentos mais críticos, como a atual crise do novo coronavírus ou mesmo com o 13º salário no final de ano. Com isso, usar a antecipação com responsabilidade é uma operação financeira inteligente. Por exemplo, uma transportadora [cliente] antecipa seus recebíveis por uma taxa de 1,85%. Com esse recurso no caixa, poderá compra a matéria-prima à vista e com desconto de 7%.
Cargo News: Por que deve ser considerada uma alternativa ao crédito fora das instituições financeiras tradicionais?
CHARLOTE ODEBRECHT:
• Ausência de IOF na operação: por ser uma operação de curto prazo, o IOF hoje possui um peso desproporcional podendo chegar a mais de 50% do custo final. • Não há vendas casadas: os FIDCS e Securitizadoras fazem bem e querem aumentar seu portfólio de recebíveis. Não há necessidade de justificar o crédito com compra de aplicações mirabolantes. • Agilidade: as operações são depositadas em poucas horas, em nosso caso minutos. • Cobrança: títulos não pagos não são cobrados da sua corrente no mesmo dia. Existem réguas de cobrança onde ajudamos a cobrar o seu cliente. • O endividamento entra no Sisbacen, ou seja, você usa seu crédito bancário para longo prazo. • Redução de risco de crédito: analisamos o seu sacado para você. • Atendimento personalizado: seu gerente vai até você se você quiser.
Cargo News: É uma realidade para todas as empresas do setor de transporte e logística?
CHARLOTE ODEBRECHT: Sim, é um recurso para a grande maioria das empresas. Transportadoras são o cerne da nossa economia e muitos FIDCS e Securitizadoras se especializam. Hoje é um dos maiores setores de nossa carteira e nos orgulhamos disso.
Cargo News: Que tipo de empresa deste setor tem recorrido ao FIDC Valorem e, normalmente, qual o objetivo dessa antecipação?
CHARLOTE ODEBRECHT: Todos os tipos. Atendemos empresas que faturam de R$12 a R$150 milhões, ao ano. Porém, existem centenas de FIDCS e Securitizadoras que se especializam nas pequenas transportadoras e o fazem muito bem. O setor de transporte se segmenta e entendemos muito bem este processo. Temos, por exemplo, algumas que transportam apenas cargas fechadas de alto valor, outras que transportam o fracionado. São todas as companhias muito bem-vindas.
Cargo News: Como esse tipo de fomento tem ajudado o mercado, especialmente no momento de pandemia?
CHARLOTE ODEBRECHT: Os FIDCS e Securitizadoras foram veículos essenciais na pandemia e estiveram com seu crédito disponível no momento de maior dificuldade. Inclusive, durante a crise dos caminhoneiros em 2019, a Valorem permaneceu aberta, fomentando as transportadoras. Hoje são mais de 200 bilhões no mercado de FIDCS liberados em crédito anual.
Cargo News: Podemos dizer que quem recorreu ao fomento, em 2020, buscava a sobrevivência e, em 2021, está direcionando o caixa para a retomada? Como vocês têm sentido a questão econômica do setor neste momento do país?
CHARLOTE ODEBRECHT: O ano de 2020 foi difícil para todo o mercado, não apenas no Brasil, como no mundo. O ano de 2021 foi de crescimento e retomada, o que é o melhor tipo de crédito que pode ser oferecido. Para 2022, temos um cenário de muita cautela, pois já sabemos que teremos uma alta inflação no primeiro semestre e que o PIB tende a crescer pouco. Por isso, recomendo que [as transportadoras] procurem bons parceiros de crédito mesmo antes de precisar. Em meio à crise, é muito difícil iniciar um novo relacionamento onde você terá bons limites e custo compatível. O segredo de uma boa negociação é desenvolver relacionamentos de longo prazo.
Cargo News: O que o grupo Valorem espera para o ano de 2022 e qual será sua contribuição nos próximos anos?
CHARLOTE ODEBRECHT: Para 2022 estamos cautelosos, mas otimistas, pois sabemos que, apesar da fraca projeção de crescimento do PIB, existem sempre oportunidades. Vimos o crescimento de uma transportadora disparar este ano após a entrada do 5G. O setor agro não para de crescer e, com ele, suas cadeias que incluem o transporte de grãos, por exemplo. Até mesmo empresas de novas tecnologias precisam de fomento e de crédito, bem como de transporte, em muitos casos. Nossa maior contribuição para o país é democratizar e atender com muito respeito as empresas de médio porte no Brasil. Quando iniciamos nossa jornada, as factoring precisavam se profissionalizar e os bancos chantageiam os clientes. Entramos como uma opção justa, rápida e personalizada para quem não se encaixava no velho modelo. Nosso papel vai muito além de antecipar recebíveis. Entendemos que nossa missão fomentar o Brasil e garantir emprego para milhares de pessoas.
O post FIDC como alternativa para criar liquidez pode ajudar o setor logístico em 2022 apareceu primeiro em CargoNews.