É o que acredita o coordenador de logística para produção agropecuária do Ministério da Agricultura, Carlos Alberto Nunes, que participou do Intermodal | Agro Digital Series 2021, evento online que promoveu o debate sobre o desenvolvimento e o futuro do setor no país
Novas tecnologias e inovações para a distribuição urbana integrada também foram destaques deste encontro virtual realizado nesta terça-feira (29/06), em uma iniciativa da Intermodal e do Agrishow
Imagine um debate com o intuito de promover discussões a respeito da logística do agronegócio nacional e sobre o desenvolvimento do setor como um todo no país, além de abordar novas tecnologias e inovações para o segmento, de forma que atenda às necessidades das cooperativas agroindustriais, empresas de alimentos, produtoras agrícolas e demais empresas desta área. Este é o propósito do Intermodal | Agro Digital Series 2021, realizado nesta terça-feira, 29/06.
Neste evento online – promovido pela Intermodal (plataforma de negócios completa para os setores logístico, de transporte de cargas e comércio exterior), com co-produção da Agrishow, Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação – os rumos da logística para o setor foram alguns dos destaques da programação. Quem falou mais sobre isso foi o coordenador de logística para produção agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Carlos Alberto Nunes.
Nunes compartilhou um pouco das principais premissas e ações que compõem o calendário do Ministério, em relação à promoção da integração entre os diversos modais do país para uma melhor distribuição de commodities e produtos agropecuários no geral, algo que considera fundamental. “Com uma infraestrutura adequada, com o equilíbrio entre os modais, podemos ter resultados cada vez mais produtivos e satisfatórios, tanto no mercado nacional quanto no internacional, de forma a contribuir para um escoamento cada vez mais ágil e eficaz de nossas safras (este ano, devemos atingir um novo recorde de produção no país, chegando a uma safra de 271 milhões de toneladas de grãos)”, disse.
Para isso, o coordenador de logística do MAPA comentou que é necessária a realização de mais investimentos em outros modais, além do rodoviário. “Todos sabem que o modal rodoviário é o mais elástico, que leva o produto até o respectivo destino, mas não é o mais econômico, o que onera bastante o resultado final da logística e acaba roubando custos do produtor. Por isso temos que avaliar outros modais também, como o modal hidroviário. No Norte e no Nordeste, por exemplo, temos a opção do Rio Madeira, que permite a navegação de barcaças de até 40 mil toneladas. A cada carregamento desse, tiramos cerca de mil caminhões da rodovia, o que contribui para a renda do produtor e para a sustentabilidade”.
O representante do Ministério lembrou ainda da importância das ferrovias neste processo, como a Ferronorte, que leva as cargas até o Porto de Santos (SP), com capacidade para até 2 milhões de toneladas. “No Mato Grosso tem a expectativa da construção da Ferrogrão, que até 2030 deverá estar atingindo uma capacidade próxima a 70 milhões de toneladas – o que tornará este o maior corredor de exportação do mundo. Outra ferrovia que gera perspectivas positivas na região é a FICO (Ferrovia de Integração do Centro-Oeste), que deve começar a ser construída ainda neste ano, atendendo a produção do Vale do Araguaia”.
Nunes finalizou com uma mensagem de otimismo. “Nosso crescimento é sustentável, não temos grandes problemas à vista. Temos alguns desafios sim, é verdade, mas já os estamos vencendo ao longo do tempo, por meio de diversas frentes. Há ferrovias no planejamento (a curto, médio e longo prazo), rodovias em processo de melhorias e muitas outras iniciativas. Nós temos um país com uma grande vocação agrícola e estamos passando por nosso melhor momento”, concluiu.
Novas Tecnologias Aplicadas na Distribuição Urbana – Outro destaque do Intermodal | Agro Digital Series foi o debate sobre Logística 4.0 e o impacto de novas tecnologias na distribuição urbana integrada, como sistemas de roteirização. Para o diretor de logística da Marfrig, uma das maiores companhias de alimentos à base de proteína animal do mundo, Luciano Alves, isso é crucial, pois garante uma logística, além de integrada e conectada, organizada quando o assunto é o last mile. “Tudo começa nesta questão, a roteirização do pedido, que permite visualizarmos o melhor trajeto que será feito até o destino final e a agregarmos o menor custo possível na entrega aos consumidores. Atualmente, não consigo ver como a logística sobreviveria sem essa tecnologia”, pontuou.
O CEO da AgileProcess, empresa especializada em tecnologia logística, Evilásio Garcia, concordou. Para ele, se não há uma logística de distribuição que faça a roteirização otimizada dos pedidos, que calcule menos gastos e que não afete a qualidade do produto, não faz sentido. “Isso tem que estar integrado à operação e o papel da logística é exatamente coordenar tudo isso, de maneira ótima e eficaz. Por essa razão que sistemas que trabalhem neste sentido, de forma que garantam que o produto adquirido vai ser entregue corretamente, são essenciais. Afinal, se formos falar de Logística 4.0 de verdade para entregas urbanas, temos que entender que quem estiver disposto a fazê-la, tem que fazer de maneira ordenada”, acrescentou.
Já o diretor do Instituto Paulista do Transporte de Carga (IPTC), Fernando Zingler, ressaltou. “Essa orquestração é importante, mas isso traz um desafio a se considerar, que é a questão da regulamentação da operação dentro dos municípios. Quando se fala de novas tecnologias de última milha, precisamos lembrar que é algo relativamente atual, que não estava no escopo de muitas administrações locais, em suas regras estabelecidas, até agora. Então, é preciso que os órgãos municipais e demais atores responsáveis também se atualizem quanto às novas práticas e tecnologias do mercado, para garantir que a integração e o planejamento da cidade acompanhem as inovações do setor”.
O diretor de logística da Marfrig levantou outro ponto interessante, que é avaliado e incentivado pela companhia atualmente: o compartilhamento de cargas por diferentes empresas do mercado. “Porque não usar o mesmo caminhão com produtos de mais de um fornecedor para fazer as entregas em determinados destinos, ao invés de cada marca mandar o seu veículo, unicamente com suas mercadorias, porém, com espaço sobrando? Isso é algo em que estamos focando muito agora, em incentivar o mercado a aproveitar um único veículo para enviar todas as cargas frias possíveis de uma única vez e assim fazer com que haja menos caminhões nas ruas, reduzindo custos, otimizando o processo e ainda colaborando para a sustentabilidade”, completou.
A mediação do debate ficou por conta do doutor e mestre em engenharia de produção, e coordenador do curso de gestão portuária da Fatec Baixada Santista, Julio Cesar Raymundo. O Intermodal | Agro Digital Series é um oferecimento do Ambipar Group, da Amazon Agrolog, da Tópico, da MMCM Logística e da TBA, patrocinadores do evento digital.
Assessoria de Imprensa
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